Museu do Tribunal de Contas da União
Min. Carlos Átila Álvares da Silva (1985-1998)
O Ministro Carlos Átila Alvares da Silva nasceu em 26 de maio de 1938 no município de Nova Lima, Minas Gerais. Filho de Joaquim de Oliveira Alvares da Silva e Luísa Araújo Alvares da Silva construiu uma importante carreira como diplomata e alcançou notoriedade pela sua erudição e competência no exercício de importantes cargos na administração pública e na condição de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Fez seus estudos iniciais no tradicional Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, no ano de 1948, e os concluiu em 1953, no Instituto Princesa Isabel, no Rio de Janeiro. Em seguida, foi estudar no Colégio Andrews, na mesma cidade, realizando o curso clássico, no qual se formou em 1956.
Deu início a sua formação acadêmica em 1957, ao ingressar no curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Pontifícia Universidade Católica Direito do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde se formou em 1961. Um ano antes de concluir a faculdade, havia iniciado seu curso de preparação para a carreira de diplomata pelo Instituto Rio Branco, no Ministério de Relações Exteriores (MRE), concluindo-o também em 1961.
Sua carreira no MRE iniciou-se no mesmo ano em que concluiu o curso de preparação, atuando como assessor da Divisão de Pessoal e, logo no ano seguinte, como oficial de gabinete do ministro. Em seguida, se incorporou a assessoria técnica da presidência da República, na qual atuou como assessor da delegação brasileira à primeira reunião da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), no comitê executivo e administrativo da assembleia geral da Aliança dos Produtores de Cacau, no Rio de Janeiro, além de ter atuado como coordenador do seminário da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que contou com a participação de peritos governamentais em política comercial.
Ainda no MRE, Carlos Átila foi, entre 1964-1965, assessor da Divisão de Política Comercial, da Divisão de Atos Internacionais e da Divisão de Produtos de Base. Em seguida assumiu a chefia do setor econômico da embaixada do Brasil em Buenos Aires, a qual geriu até 1968. Nos anos seguintes participou de várias negociações sobre acordos econômicos internacionais, representando os interesses do governo brasileiro.
Em 1975, foi nomeado chefe da Divisão de Pessoal no MRE, responsabilizando-se pela coordenação do curso de prática diplomática e consular no respeitado Instituto Rio Branco. Em 1977 foi alçado ao posto de conselheiro do MRE e no ano seguinte tornou-se assessor adjunto da assessoria especial de relações públicas da presidência da República.
Nos anos seguintes, desempenhou vários cargos importantes no governo e foi promovido ao posto de ministro de segunda classe. Em 1981foi nomeado secretário de Imprensa e Divulgação da presidência da República, tornando-se nesse meio tempo porta-voz do Presidente João Figueiredo. No desempenho dessa atividade, Carlos Átila tornou-se uma figura pública, em razão de sua presença constante nos meios de comunicação e de seu empenho em defender o governo diante da imprensa.
Em depoimento ao Jornal Valor Econômico, definiu seu trabalho de porta-voz não como uma intermediação entre a imprensa e a presidência, mas sim como para-choque do governo Figueiredo. Seu entendimento era que sua tarefa era passar a informação oficial, “a visão que o governo tinha dos fatos”, o que gerava uma relação muito tensa com os jornalistas pelo fato de que “muitos deles achavam que a minha função era investigar fatos para eles, dentro do governo”.
Em 1985, foi indicado pelo então Presidente João Figueiredo para o cargo de ministro do TCU, tomando posse em 12 de março de 1985 e sendo recebido com palavras de elogios à sua trajetória profissional e à sua erudição.
Em seu discurso de posse valeu-se do contexto de reabertura democrática vigente para ressaltar o caráter democrático inerente ao bom uso dos recursos públicos: “Se, como já foi dito, a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, nossa missão consiste em trabalhar para auxiliar os representantes do povo, em sua ação vigilante para que o dinheiro do povo seja administrado em exclusivo benefício do povo”.
Logo nos primeiros anos em que atuou como ministro, destacou-se por suas preocupações com a modernização do TCU. Despertou um interesse especial pela tecnologia da informação e viu nela uma ferramenta estratégica para o crescimento e fortalecimento da Casa.
No biênio 1992 e 1993 tornou-se Presidente do Tribunal de Contas da União. Em sua gestão empreendeu avanços significativos na qualificação do corpo técnico dessa Corte, sobretudo no que diz respeito aos procedimentos de seleção e treinamento dos servidores. No tocante a informatização da Casa, promoveu a elaboração de um importante plano de direito de informática, lançado em 1993, que fortaleceu de maneira inédita até então essa área no TCU e permitiu sua consolidação ao longo dos anos seguintes. Até os últimos dias em que foi ministro do TCU, sempre foi tido como a grande referência para assuntos de tecnologia da informação na Casa.
Na condição de presidente e mesmo após sua gestão ter se findado, foi um importante defensor do TCU em episódios que envolviam críticas da presidência da República ao trabalho da Casa. Sua experiência diplomática rendeu-lhe a expertise necessária para lidar com essas situações, nas quais sempre manteve o vigor na defesa do Tribunal e daqueles que fazem essa Corte, sem tampouco desvirtuar o opositor em questão.
Ao longo de toda sua trajetória no TCU fizeram parte de suas preocupações propostas de mudanças na legislação que fortaleceriam o trabalho da Casa. Dentre elas destacam-se a instituição de penas acessórias de inelegibilidade e de automática indisponibilidade dos bens, até que a dívida seja sanada, dos responsáveis julgados em débito pelo Tribunal.
O ministro Carlos Átila se aposentou do TCU em 17 de dezembro de 1998. Nos anos seguintes trabalhou como advogado em Brasília e tornou-se produtor de cachaça. É casado com a Sra. Tania Boureau Álvares da Silva, com a qual teve dois filhos: Patrícia e Alexandre Boreau Álvares da Silva.