Museu do Tribunal de Contas da União
Min. Clóvis Pestana (1969-1973)
O ministro Clóvis Pestana nasceu em Porto Alegre no dia 27 de novembro de 1904, filho do engenheiro Augusto Pestana e de Virgínia Fontoura Trindade Pestana.
Cursou o primário no colégio Santo Antônio, em Minas Gerais e o secundário no Colégio Anchieta e no Instituto Lafayette, no Rio de Janeiro. Iniciou o científico no Colégio Anchieta, concluindo-o no curso Irmãos Welbert em Porto Alegre. Em 1922 ingressou na Escola de Engenharia de Porto Alegre, transferindo-se em 1924 para a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de Engenharia Civil em 1924.
No ano seguinte iniciou suas atividades profissionais como engenheiro da prefeitura de Porto Alegre e, em 1936, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da capital gaúcha. Em 1938, deixou a prefeitura de Porto Alegre para organizar o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Sul, do qual foi diretor técnico, passando mais tarde a diretor geral.
Em 1945 foi um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD) no Rio Grande do Sul. Com a deposição de Getúlio Vargas em 29 de outubro desse ano, o presidente do Supremo Tribunal Federal José Linhares assume a presidência da República e em 1º de novembro nomeia Samuel Figueiredo da Silva para o cargo de interventor no Rio Grande do Sul. Com isso, Clóvis Pestana deixou a diretoria do Departamento de Estradas e Rodagens para assumir a prefeitura de Porto Alegre. Com a eleição do novo presidente Eurico Gaspar Dutra, que assumiu o cargo em 31 de janeiro seguinte e nomeou novos interventores, Clóvis Pestana deixa a prefeitura da capital e passa a ocupar o cargo de secretário de obras públicas do Rio Grande do Sul. Permaneceu nesse cargo até outubro de 1946, quando foi nomeado ministro da Viação e Obras Públicas.
Durante o período em que Clóvis Pestana esteve à frente da pasta da Viação, foi concluída a eletrificação da estrada de ferro Central do Brasil até Barra do Piraí (RJ) e a de Santos-Jundiaí (SP). A rede suburbana do Rio de Janeiro foi ampliada e a ligação da rede ferroviária do Sul com o Nordeste foi concluída, assegurando a transporte por via ferroviária do Sul até Recife. Ao todo foram construídos mais de mil quilômetros de estrada de ferro, beneficiando, sobretudo, os estados de Ceará e Goiás. O cais do Rio de Janeiro também foi ampliado, foram construídos 3.600 m de cais no porto da capital gaúcha e foram abertos 2.800 quilômetros de rodovia. Porém a obra de maior importância foi a conclusão da nova rodovia Rio-São Paulo, a mais importante do país, que recebeu o nome de rodovia Presidente Dutra.
Em abril de 1950 Clóvis Pestana deixa o ministério para candidatar-se à Câmara Federal na legenda do PSD, sendo eleito em outubro do mesmo ano como o candidato mais cotado da bancada gaúcha. No pleito de outubro de 1954 sai novamente como candidato na legenda do PSD e é reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul.
Com o suicídio de Vargas em 1954, seu vice, José Café Filho assumiu a presidência, iniciando assim o processo de transição e eleição do novo presidente. Com o lançamento da candidatura de Juscelino Kubitschek pelo PSD, Clóvis Pestana se reúne a pessedistas dissidentes e lideranças udenistas para encabeçar a campanha de Etelvino Lins e fazer oposição a Juscelino. Quando Juscelino assume em 1956 Clóvis Pestana passa a fazer forte oposição ao seu governo. Em outubro de 1958 novamente reelege-se como deputado federal.
Nas eleições de 1960 o eleito é Jânio Quadros que, ao tomar posse em 1961, convida Clóvis Pestana para assumir a pasta da Viação. Sua gestão dura pouco, pois com a renúncia de Jânio em 1961, ele deixa o ministério e retorna à Câmara dos Deputados, na qual é reeleito deputado federal em 1962. Em 1964, apoiou o movimento político-militar que derrubou o presidente Goulart. Com a extinção da maioria dos partidos e a instituição do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) e se reelegeu mais uma vez em 1968.
Em setembro de 1969 deixa a Câmara para tomar posse como ministro do Tribunal de Contas da União, atendendo ao convite do presidente Artur da Costa e Silva e em seu discurso de posse salienta a necessidade de um esforço geral da nação para superar o fosso que a separava dos países desenvolvidos. Vice-Presidente do Tribunal em 1971, aposentou-se em 1973.
Abandonou a vida política em 1974, quando não conseguiu se eleger como deputado federal na legenda da Arena.
Em 1999, recebeu a medalha comemorativa dos 150 anos de Rui Barbosa, conferida pelo TCU. Casou-se com Maria Eloísa Degrazia Pestana, com quem teve duas filhas. Faleceu em 8 de maio de 2001, em Porto Alegre.