Museu do Tribunal de Contas da União
Min Demócrito Cavalcanti de Albuquerque Melo (1897-1904)
O ministro Demócrito Cavalcanti de Albuquerque Melo nasceu em 15 de Fevereiro de 1850 no município de Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Filho de Félix Cavalcanti de Albuquerque Melo – um grande senhor de engenho pernambucano – e Lisbela Cavalcanti de Albuquerque Melo, tornou-se ministro do Tribunal de Contas em sua época inicial após trilhar carreira política e no serviço público durante o Império.
A figura histórica de seu pai inspirou Gilberto Freyre a escrever um importante artigo intitulado “O velho Félix e suas memórias de um Cavalcanti”, no qual o sociólogo pernambucano discute, baseado no livro de memórias em formato de diário, a personalidade do grande aristocrata que foi Félix Cavalcanti de Albuquerque Melo.
Sobre Demócrito Cavalcanti de Albuquerque Melo, o sociólogo de Apipucos faz a seguinte citação: “Vários dos filhos e netos de Félix regressaram a terra e a engenhos; mas sem as raízes profundas dos avós, sem o antigo bom ânimo rural. A maior parte deles e a mais bem sucedida urbanizou-se, integrada no serviço público, na magistratura, no magistério, na política, tendo um dos seus filhos, o Dr. Demócrito Cavalcanti de Albuquerque, atingido posição de relevo nacional”.
Freyre remete ainda ao próprio nome de batismo de Demócrito Cavalcanti de Albuquerque como um reflexo do processo histórico de desruralização e sofisticação ao qual estavam imersos o senhorio pernambucano. A citação se fez da seguinte forma: “Félix Cavalcanti foi dando aos filhos nomes gregos e romanos; nomes cheios de erudição profana; nomes com certo travo de paganismo e até de irreverência pela tradição católica, como insinuou, n’O Carapuceiro, o Padre Lopes Gama: Licurgo, Demócrito, Heráclito, Tales, Teócrito. E não mais os nomes simples e liricamente cristãos dos meninos batizados nas capelinhas das casas-grandes de engenho; os Antônios que ficavam Tonicos e Toinhos, os Franciscos que ficavam Chicos, os Pedros que ficavam Pepês [...]”.
Como era praxe entre os filhos da açucarocracia pernambucana do século XIX, Demócrito Cavalcanti de Albuquerque Melo estudou na Faculdade de Direito de Recife, tornando-se bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas no ano de 1873.
Ao tempo em que era estudante, trabalhou como jornalista até que se formou e em 1874 passou a exercer o cargo de delegado de polícia em Pernambuco. No ano seguinte deixou esse posto e passou a exercer a função de ajudante de procurador e fiscal do Tesouro Provincial. Ainda em 1875, tornou-se doutor em Ciências Sociais e Jurídicas pela Faculdade de Direito do Recife.
Em seguida, veio a se tornar deputado provincial em Pernambuco, cargo que exerceu por várias legislaturas até que veio a ocupar o posto de secretário da presidência do Pará em 1886. Nessa mesma província exerceu ainda o cargo de Inspetor da Alfândega do Pará em 1889.
Ainda em 1889 regressou a Pernambuco exercendo a função de Inspetor da Tesouraria da Fazenda, posto que ocupou até 1890. Nesse momento, retomou suas atividades de jornalista, tornado-se redator do Jornal O Tempo. Em 1891 tornou-se diretor da Tomada de Contas do Tesouro Nacional. Essa trajetória no serviço público, mais especificamente em cargos ligados à fiscalização de recursos, o credenciou a ser indicado no ano de 1897 ao cargo de ministro do Tribunal de Contas.
O ministro Demócrito Cavalcanti de Albuquerque Melo tomou posse no cargo, que à época ainda era denominado de diretor, no dia 19 de junho de 1897. Trabalhou na Corte até 1904 quando, por razão de enfermidade, teve que se licenciar. Faleceu em 27 de dezembro de 1904, ainda em atividade.