Museu do Tribunal de Contas da União
Min Francisco Thompson Flores (1931-1937)
O ministro Francisco Thompson Flores nasceu em Porto Alegre em 27 de julho de 1880. Filho de Carlos Thompson Flores e Elvira Reis Thompson Flores, construiu importante carreira no serviço público brasileiro na área ligada às finanças públicas até chegar ao cargo de ministro do Tribunal de Contas.
Realizou seus estudos na Faculdade de Direito de São Paulo, onde se tornou bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais no ano de 1903. No ano de 1905 assumiu o cargo de juiz de direito no município de São Jerônimo (RS). Em seguida, tornou-se promotor público em Porto Alegre e chefe de polícia do estado do Rio Grande do Sul.
Em outubro de 1918 ingressou no Tribunal de Contas ainda na condição de auditor. Em 1922, foi nomeado delegado do Tesouro em Londres, cargo o qual ocupou até o ano de 1926.
No ano de 1931 foi indicado pelo presidente Getúlio Vargas para o cargo de ministro do TC. Nos anos seguintes o mesmo Getúlio Vargas e o então ministro Thompson Flores foram protagonistas de um dos episódios mais emblemáticos da história desta Corte de Contas. Esse momento se deu os anos que antecederam o Estado Novo, quando o país já vivia algumas situações que davam indícios do contexto de autoritarismo que viria a seguir.
Em 1937 o Ministro Thompson Flores foi o relator responsável pela emissão do parecer prévio sobre as contas do governo para o exercício de 1936. Pela primeira vez na história do Tribunal, o parecer, que foi embasado em critérios estritamente técnicos e aprovado no próprio plenário desta Corte, foi contrário à aprovação das contas do governo.
A decisão do Tribunal de Contas despertou forte reação contrária por parte do presidente da República, que como primeira medida colocou o ministro Thompson Flores em disponibilidade, não mais permitindo seu retorno ao TC, até se aposentar no ano de 1950.
A atitude precedeu um enfraquecimento do Tribunal por meio da Constituição de 1937, que inaugurou um período marcado pelo autoritarismo e fortalecimento do Poder Executivo diante dos demais.
Embora o episódio o tenha marcado negativamente, sua relação de afeto com o Tribunal permaneceu forte mesmo estando ausente do cotidiano desta Corte. No ano de 1950, em seu requerimento de aposentadoria, assim se referiu ao Tribunal e aos demais setores que o compõem:
“(…) Aproveito o ensejo para apresentar a V. Exa. e aos ilustres colegas deste Tribunal, bem como os ilustres representantes do Ministério Público e ao dedicado pessoal do administrativo, os agradecimentos mais sinceros pelas deferências com que me distinguiram, durante o tempo em que tive o grande prazer de aí cooperar, procurando à medida dos meus esforços e da minha modesta capacidade servir à nação no alto e difícil mister de fiscalizar a aplicação dos dinheiros públicos.
Guardo imperecíveis recordações desse período de convivência com os colegas que tão dedicadamente desempenham as suas funções; do mesmo passo que sabem cultivar os nobres sentimentos de coração e do espírito.
Retirando-me definitivamente da vida pública e administrativa, quero testemunhar aos honrados e bondosos colegas o quanto sou reconhecido às provas de cordialidade recebidas e que jamais esquecerei.”
Foi casado com Célia Martins Thompson Flores. Seu filho, Carlos Martins Thompson Flores, seguiu a carreira diplomática, sendo embaixador do Brasil na Itália entre 1968 e 1973.
Faleceu em 06 de agosto de 1952.