Museu do Tribunal de Contas da União
Min. João Batista Ramos (1973-1980)
O ministro João Batista Ramos nasceu no município de Queluz, em São Paulo, no dia 7 de maio de 1910, filho de José Ramos de Paula e de Maria Arantes Ramos. Em 1935, bacharelou-se em Direito. De 1936 a 1941 exerceu a advocacia, especializando-se em questões de terra e atuando também como criminalista. No ano seguinte passou a exercer também o jornalismo, tornando-se, em 1947, redator-chefe do jornal paulista Folha da Manhã. Ainda nesse ano tornou-se chefe da secretaria do Ministério da Justiça e assistente jurídico do ministro Benedito Costa Neto. Essa iniciação na vida pública facilitou sua trajetória política. Em 1949 integrou a comitiva que acompanhou o presidente Dutra em viagem aos Estados Unidos da América (EUA). Em 1950 deixou a chefia da redação da Folha da Manhã.
Entre 1951 e 1954 foi diretor da Companhia Brasileira de Impressão e Propaganda, diretor-presidente da Rádio Excelsior e fundador e diretor-presidente da Rádio Nacional de São Paulo. Em outubro de 1954 elegeu-se deputado federal por São Paulo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Reelegeu-se em outubro de 1958 pelo mesmo partido.
Graças à projeção que alcançara no parlamento, em 1960 Batista Ramos foi nomeado pelo presidente Kubitschek ministro do Trabalho, Indústria e Comércio. Em sua gestão, elaborou o decreto contendo o regulamento da Lei Orgânica da Previdência Social. Além disso, assumiu atitude avançada em relação às práticas então correntes no trabalhismo, anulando o decreto assinado pelo ex-ministro Fernando Nóbrega que prorrogava os mandatos das diretorias de todas as entidades sindicais até 1962.
Em outubro de 1960 os marítimos fizeram uma greve nacional pela paridade de salários com os militares, sofrendo dura repressão por parte de tropas federais. Discordando da atitude do governo, Batista Ramos renunciou ao cargo em novembro.
Reassumindo em seguida seu mandato de deputado federal, em 1962 abriu em São Paulo um escritório de advocacia trabalhista. No pleito de outubro desse ano reelegeu-se deputado federal, dessa vez com apoio da coligação do PTB com o Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Apesar da sua vinculação trabalhista, não foi afetado pelo movimento que derrubou o presidente Goulart. Em 1966, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) e, em agosto desse ano, encaminhou a votação do projeto que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No pleito de novembro de 1966 reelegeu-se na legenda da Arena. Em fevereiro do ano seguinte voltou a candidatar-se e foi eleito ao cargo de presidente da câmara. Durante seu período na presidência, que se estendeu até fevereiro de 1968, executou a reforma administrativa da secretaria da câmara com o objetivo de dar maior eficiência ao Legislativo.
Reeleito pela quarta e última vez deputado federal por São Paulo em novembro de 1970, novamente na legenda da Arena, assumiu no ano seguinte a presidência da comissão executiva nacional de seu partido. Na mesma ocasião, a presidência do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi ocupada pelo deputado Ulisses Guimarães, seu colega de magistério e, durante muitos anos, integrante do extinto Partido Social Democrático (PSD), que formara com o PTB uma importante coalizão até 1964. Esses fatos facilitaram o contato dos dois deputados mesmo depois das opções partidárias diferentes.
Batista Ramos renunciou ao mandato de deputado em junho de 1973, quando foi nomeado pelo presidente Médici ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). No ano seguinte tornou-se vice-presidente do tribunal e, em janeiro de 1975, presidente. Em agosto de 1980, aposentou-se do TCU, filiando-se em setembro do ano seguinte ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Nas eleições de novembro de 1982, candidatou-se à Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo, na legenda do PMDB, obtendo apenas uma suplência. Abandonando a vida pública, dedicou-se à literatura. Faleceu em 17 de maio de 2002 em Brasília. Foi casado com Aline Browne de Miranda Ramos, também já falecida, com quem teve duas filhas.