Museu do Tribunal de Contas da União
Min Silvestre Péricles de Góes Monteiro (1943-1961)
O ministro Silvestre Péricles de Góes Monteiro nasceu em São Luís do Quitundo, no estado de Alagoas, no dia 30 de março de 1896. Filho de Pedro Aureliano Monteiro dos Santos e Constança Cavalcanti de Góes Monteiro foi um proeminente advogado, professor universitário, jornalista e militar que enveredou pelo ramo da política e chegou a compor o quadro de ministros do Tribunal de Contas no ano de 1943.
Góes Monteiro vem de uma família de bastante prestígio no estado de Alagoas, que desde o século XIX exerce influência política na região, com bastante importância no período do Estado Novo. Dessa forma, foi um tanto quanto natural que Silvestre Péricles enveredasse pela carreira pública.
Em 1910, aos 14 anos, tornou-se reservista da 1ª categoria, ingressando no exército logo que se institui a Lei do Serviço Militar no Brasil. Aos 16 anos, antes de obter formação acadêmica, foi revisor-redator do Diário Oficial de Alagoas, mostrando que desde cedo já possuía grande grau de instrução e erudição.
Góes Monteiro deu início a seus estudos do secundário no Colégio Liceu Alagoano e no Colégio Dias Cabral. Assim que se formou no secundário, mudou-se para Recife, no estado de Pernambuco, onde participou de curso na Escola Livre de Engenharia do Recife. Nessa mesma cidade obteve o diploma de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, no ano de 1918. Formou-se também em Ciências Econômicas pela extinta Academia de Comércio de Porto Alegre.
Após se formar, atuou como delegado de Maceió em 1918, aos 22 anos. Em sua área de formação acadêmica advogou em Três Lagoas e Santana do Parnaíba, hoje Parnaíba, ambas no Mato Grosso do Sul. Também foi advogado nas cidades de Porto Alegre e Erechim, no Rio Grande do Sul. Nessa última, ocupou os cargos de juiz distrital e fundou o jornal O Município, no ano de 1922. Na capital gaúcha, lecionou Direito Internacional na extinta Academia de Comércio.
Góes Monteiro – que já havia sido reservista – passou a exercer, a partir de 1926, cargos relacionados à carreira militar. Em 1926, mudou-se para São Gabriel, onde ocupou o cargo de auditor de guerra. Nesse mesmo ano foi o 1º auditor de guerra do país, exercendo o cargo em Belém do Pará.
De 1930 a 1932 atuou como Corregedor da Justiça Militar das Forças Nacionais, com jurisdição em todo país. Ministro relator dos Destacamentos do Exército de Leste e do Sul (Conselho Superior de Justiça Militar).
De 1941 a 1943, no período do Estado Novo, foi presidente do Conselho Nacional do Trabalho.
Em 6 de julho 1943, sua carreira política ascende ao ser nomeado ministro do Tribunal de Contas, tomando posse em 14 de julho do mesmo ano. A vaga surgiu decorrente da aposentadoria do ministro Otávio Tarquínio de Sousa Amaranto.
No ano de 1946 conseguiu eleger-se deputado federal, quando foi membro da Grande Comissão Constitucional de 1946 e na câmara, líder da bancada situacionista de Alagoas. Permaneceu no cargo até 1947.
No ano seguinte, ascendeu politicamente mais uma vez e passou a governar o estado de Alagoas, permanecendo nesse cargo até 1951.
Em 1958 teve a honra de assumir o cargo de senador da República, permanecendo até 1966. Nessa função foi membro das Comissões de Constituição e Justiça, de Segurança Nacional e de Serviço Público Civil, da qual foi presidente.
Aposentou-se da função de Ministro do Tribunal de Contas em 19 de janeiro de 1961.
Publicou diversas obras e foi colaborador de diversos jornais e revistas do país, sobre literatura, política, direito e poesia. Entre suas obras, destacam-se: Justiça Militar em Tempo de Guerra (1935), No Tempo das Rimas, com prefácio de Menotti Del Picchia (1947) e O Brasil e a Energia Nuclear.
Faleceu em Brasília em 13 de novembro de 1972. Deixou a esposa Teresa Lúcia de Góes Monteiro, com quem teve quatro filhos. Na ocasião de homenagem post morten a Góes Monteiro, o ministro Bento Bugarin proferiu as seguintes palavras: “Perfeitamente identificado com a filosofia e os objetivos do TCU, eminente ministro Silvestre Péricles contribuiu de modo singular para valorização dos sistemas de fiscalização financeira, enfatizando com suas palavras e com seu exemplo a necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de atuação e da ampliação dos poderes dessa grande instituição”.