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O viés do otimismo em concessões rodoviárias: evidências, causas e soluções

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Trabalhos acadêmicos

Autor:
Amorim, Fábio
Data:
16/03/23
Áreas temáticas:
Rodovias Desestatização e regulação Infraestrutura
Palavras-chave:
Concessão de serviço público Rodovia federal Parceria público-privada
Clientela:
TCU
Unidades técnicas:
ISC

O viés do otimismo é a tendência do ser humano em superestimar as chances de sucesso das ações por ele planejadas. Esse fenômeno ocorre em diversas situações, inclusive na gestão de empreendimentos de infraestrutura. Nesses casos, os planejadores tendem a maximizar os benefícios e minimizar as dificuldades, por exemplo, subestimando o custo e o prazo de conclusão, ou superestimando a demanda de usuários. Os efeitos negativos dessas ações consistem na priorização equivocada de obras, no atraso dos cronogramas, na má qualidade dos serviços ou até na falta de recursos para a conclusão. Em razão disso, torna-se importante a correção do viés do otimismo quando da implementação de políticas públicas. No Brasil, a iniciativa privada administra uma parte das rodovias federais, por meio de um programa de concessões que envolve cerca de 13 mil km, atualmente. As concessões estão se expandindo desde a década de 1990, e ganhando cada vez mais importância na gestão das rodovias brasileiras. Nessa modalidade, a empresa é responsável por realizar investimentos, manter e operar a rodovia, tendo como contrapartida o pagamento de tarifas pelos usuários. O objetivo da pesquisa é avaliar o viés do otimismo nesse setor, especialmente em relação aos estudos de tráfego, que é uma variável importante para os projetos. A metodologia consiste em analisar estatisticamente os eventos passados, e comparar os estudos de demanda do poder público e das concessionárias com a demanda real das rodovias. Os resultados mostraram que estudos do poder público não possuem viés, ao contrário dos estudos das concessionárias. Elas superestimaram de maneira relevante o tráfego das rodovias. Quase todas as concessionárias pesquisadas fizeram suas propostas nas licitações com base em estudos de demanda que não se concretizaram. Em média, a demanda real é 18% menor que a estimativa. A pesquisa buscou explicações para esse viés e concluiu que os resultados decorrem de anomalias tanto do processo de licitação, devido à “maldição do vencedor”, quanto da execução contratual, pelo “risco moral”. Por fim, a pesquisa mostra os efeitos negativos que o viés do otimismo gerou no programa de concessões rodoviárias do Brasil, e, por isso, apresenta quatro propostas para corrigi-lo e garantir um planejamento mais efetivo para projetos futuros.