TCU, governo e sociedade debatem prestação de contas de projetos culturais
Mais de 17 mil prestações de contas na área da cultura estão pendentes de análise
Por Secom
Resumo
Mais de 17 mil prestações de contas na área da cultura estão pendentes de análise

Candidatar-se a um financiamento cultural exige mais do que um bom projeto. Segundo o secretário do Tribunal de Contas da União Márcio Alburquerque, “ninguém é obrigado a pegar recurso público, mas, se pegar, deve rezar a cartilha do recurso público”. A fala responde a um questionamento comum entre profissionais do setor e produtores culturais, que consideram haver prevalência de formalidades na avaliação das contas, mesmo com a realização plena do projeto ou do serviço. A questão foi uma das debatidas durante Diálogo Público para tratar de prestação de contas de projetos culturais, realizado no último dia 25, no Instituo Serzedello Corrêa.
Para o titular da Secretaria de Controle Externo do Trabalho (SecexTrabalho), que abriga jurisdicionados da área cultural, é preciso “mostrar à sociedade que o dinheiro foi bem empregado” e as formalidades, segundo avalia, dão segurança ao controle diante das possibilidades de fraudes. O presidente do TCU, ministro José Mucio Monteiro, abriu a reunião, que classificou como uma reunião de trabalho, técnica, sem viés político ou ideológico. Mucio enfatizou o caráter colaborativo do TCU e o empenho do órgão em estabelecer um diálogo crescente com gestores e com a sociedade. Em vez de procurar quem errou, o ministro afirmou que o TCU está “trocando ideias e procurando aqueles que não querem errar”. “Nós queremos chegar antes das contas”, enfatizou. “Nós queremos ajudar neste imbróglio que se tornou a Lei Rouanet”.
E o imbróglio é real. São mais de 17 mil prestações de contas de projetos culturais pendentes de análise. Um dos casos que se destaca é o da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Este ano, o TCU teve encontro técnico semelhante com o setor do audiovisual, que apresenta passivo de cerca de 4 mil prestações de contas, como lembrou o auditor Carlos Wellington Leite, diretor da SecexTrabalho. Segundo ele, a Agência desenvolve um plano de ação com supervisão do TCU para tratar a questão. Se tiver êxito, aspectos do modelo poderão ser levados a outras áreas.
Falhas e soluções - O diretor apresentou como o TCU atua sobre a questão e trouxe decisões que apontam os tipos das irregularidades nas contas e, ao mesmo tempo, reconhecem a Lei Rouanet como principal mecanismo de apoio à cultura. Segundo Wellington, há irregularidades na aprovação dos projetos, na fiscalização e na prestação de contas. As falhas são cometidas tanto pelo setor privado, que propõe os projetos, quanto pelo governo.
O diretor do Itaú Cultural, membro do Conselho Curador do Centro Cultural TCU e representante do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais, Eduardo Saron, lembrou a função de aprimorar a administração pública, que caracteriza a missão do TCU, como um aspecto positivo do trabalho da instituição. No entanto, Saron apresentou preocupações quanto à segurança jurídica do processo de prestação de contas e sugeriu a formação de um grupo de trabalho que possa produzir um documento balizador, com diretrizes que permitam ao governo incorporar rapidamente decisões do Tribunal.
Representando o governo no debate, tanto o secretário especial de Cultura do Ministério da Cidadania, José Paulo Martins, quanto o gerente de projeto da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, Rômulo Barbosa, apresentaram soluções em desenvolvimento para sanar as deficiências na análise de prestações de contas e criar um fluxo que permita evitar futuros passivos. A implementação de novos modelos de incentivo fiscal e de análise de projetos são a base das soluções. As primeiras fases do desenvolvimento centraram-se em revisão de normativos. As fases em andamento pretendem estabelecer maior transparência ao processo de prestação de contas. O objetivo é deixar todo o processo digital, mais ágil e reorganizar o fluxo de admissibilidade e de aprovação. O modelo identifica inconsistências e inclui análise preditiva.
O presidente do Instituto Tomie Ohtake e presidente do Conselho Curador do Centro Cultural TCU, Ricardo Ohtake, foi um dos idealizadores do encontro e acompanhou a reunião. O Instituto Tomie Ohtake é membro do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais.
Lei Rouanet: A Lei 8.313/91 é uma lei de incentivo à cultura que institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Estabelece mecanismos de incentivo fiscal para estimular a iniciativa privada a apoiar financeiramente o setor cultural. Por meio dela, profissionais captam recursos com o setor privado.
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