TCU homologa acordo para solucionar controvérsias no contrato de concessão do Aeroporto de Guarulhos
Proposta de solução consensual inclui criação do Programa de Investimentos Privados em Aeroportos Regionais (Pipar), com previsão de alcançar 100 aeroportos em áreas estratégicas
Por Secom
O Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) homologou, nesta quarta-feira (23/10), acordo entre o Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), por meio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e a concessionária GRU Airport S.A. para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
A proposta aprovada pelos ministros do TCU estende o prazo de concessão do local até novembro de 2033, permitindo que a empresa opere 16 meses além do previsto inicialmente. Em contrapartida, entre 2025 e 2029, deverão ser realizados novos investimentos para aumentar a capacidade de operação, ampliar o nível de segurança (operacional e contra atos de interferência ilícita) e melhorar a qualidade dos serviços ofertados.
A concessionária GRU Airport construirá dois píeres (um para passageiros internacionais e outro para passageiros domésticos), ampliará pátios de aeronaves e criará pistas de táxi. Também serão adquiridos equipamentos de inspeção de bagagens despachadas e bagagens a bordo, de vigilância perimetral, além de melhorias no acesso de funcionários a partir de biometria, entre outros.
Os investimentos somarão cerca de R$1,4 bilhão. Para concretizá-los, a comissão constituída no âmbito da Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (SecexConsenso) negociou um modelo de compartilhamento de riscos inovador para contratos de concessão de aviação. Pela proposta, parte das despesas poderão ser divididas entre a concessionária e o poder público, a depender da evolução da demanda de passageiros do aeroporto.
As cláusulas contratuais também serão atualizadas de acordo com as novas regras da Anac no que diz respeito às penalidades e termos de arbitragem. O acordo firmado no âmbito do TCU servirá como balizador para outras controvérsias que envolvem contratos de concessão na área de aviação.
Aeroportos regionais
A solução idealizada pela comissão da SecexConsenso também buscou resolver a problemática dos aeroportos regionais deficitários. Apesar de fundamentais para a integração da malha aérea brasileira e desenvolvimento das regiões mais isoladas, a manutenção da infraestrutura de aviação representa uma despesa extra para os cofres públicos. A alternativa aprovada cria o Programa de Investimentos Privados em Aeroportos Regionais (Pipar). A proposta é de abrir uma competição simplificada entre as concessionárias interessadas que possuem contratos vigentes, oferecendo condições de negociação facilitadas.
A depender do resultado do processo competitivo, o programa prevê a possibilidade de uma oferta permanente, permitindo que propostas sejam apresentadas a qualquer momento, ou ainda a alocação direta em um aeroporto regional específico.
O relator, ministro Jonathan de Jesus, incluiu no processo a minuta da portaria que autoriza o poder público a realizar o processo competitivo simplificado, para que o programa já possa começar a ser implementado.
“Isso vai acontecer no Aeroporto de Guarulhos e em outros de grande porte que foram leiloados no início da década passada sem que fosse obedecido o modelo que popularmente se convencionou chamar ‘filé com osso’. As concessionárias que arremataram esses aeroportos levaram apenas o ‘filé’, sem assumirem compromissos de gestão que permitiriam o aprofundamento de uma política pública de prestígio à aviação regional”, disse o presidente do TCU, o ministro Bruno Dantas.
O modelo proposto incentiva investimentos privados na infraestrutura aeroportuária regional via subsídio cruzado, no qual o valor cobrado por determinado produto ou serviço é utilizado para arcar com os custos de outro produto ou serviço ofertado. As vantagens são de aliviar o ônus financeiro sobre o governo e garantir melhorias nas condições operacionais dos aeroportos regionais.
“Este é o primeiro aeroporto (de Guarulhos) que recebe a otimização do seu contrato e, certamente, estamos criando um paradigma importantíssimo que será seguido pelo MPOR e pela Anac”, completou o presidente.
A seleção simplificada deverá ocorrer em rodadas variadas. Na primeira, o MPOR pretende priorizar áreas de importância estratégica na Amazônia Legal, como os aeroportos de São Gabriel da Cachoeira (SBUA) e de Eirunepé (SWEI), e, na Região Nordeste, o Aeroporto de Guanambi (SNGI), na Bahia.
Os blocos priorizados para a primeira rodada somam cerca de R$ 2,1 bilhões em investimentos. No total, espera-se que cerca de 100 aeroportos sejam inseridos no Pipar ao longo das rodadas.
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SERVIÇO
Leia a íntegra da decisão: Acórdão 2283/2024-Plenário
Processo: TC 039.910/2023-7
Sessão: 23/10/2024
Secom – GD/rt
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