Carta do Presidente da INTOSAI – fevereiro de 2025
O presidente da Organização Internacional das Instituições Superiores de Controle (INTOSAI), ministro Vital do Rêgo, fala sobre participação cidadã na atuação dos órgãos de controle
Por Secom
As instituições superiores de controle (ISC) desempenham papel fundamental na promoção da boa governança, contribuindo para o uso eficiente dos recursos públicos e a efetividade das políticas públicas, em benefício dos cidadãos. Nos últimos anos, a Organização Internacional das Instituições Superiores de Controle (INTOSAI) tem se dedicado à ampliação da Voz Global das ISC, enfatizando a independência e o profissionalismo dessas instituições como referência no enfrentamento dos grandes problemas ambientais e sociais. Devemos, portanto, dar continuidade a esse esforço, reconhecendo que os desafios da governança global exigem atuação diligente e mais próxima da população.
Nesse contexto, a participação cidadã deve ser considerada essencial para a atuação dos órgãos de controle. A incorporação da voz da sociedade fortalece nossos mandatos e promove a legitimidade e a transparência em nossas atividades. Ao envolver ativamente os cidadãos nas etapas de planejamento e acompanhamento das recomendações, garantimos que suas demandas sejam consideradas e que nossas ações estejam alinhadas com as reais necessidades da sociedade.
Por meio do desenvolvimento de canais acessíveis, da capacitação da população e do uso de tecnologias inovadoras, buscamos dotar os cidadãos de ferramentas que facilitem a interação com as ISC e a participação nas decisões e fiscalizações. Esse movimento democratiza o acesso à informação e fortalece a legitimidade das instituições. Por isso, o Tribunal de Contas da União (TCU), na posição de presidente da INTOSAI, reconhece a participação cidadã como tendência mundial para instituições que buscam manter sua credibilidade. Ademais, o TCU publicou recentemente o "Referencial de Participação Cidadã", que busca adotar iniciativas de engajamento da sociedade nas fiscalizações, além de apresentar insumos teóricos, legais e práticos sobre o que é participação cidadã e como ela pode ser fortalecida e implementada.
Vale destacar também que na INTOSAI, existe a Força-Tarefa de Participação dos Cidadãos e o Envolvimento da Sociedade Civil (TFCP), do Comitê de Criação de Capacidades (CBC). Esse grupo, liderado pela ISC do Peru, busca identificar e compartilhar boas práticas nessa área, além de desenvolver ferramentas e abordagens para implementar essas práticas.
Outra iniciativa relevante é a Comissão de Participação Cidadã, da Organização Latino-Americana e do Caribe de Instituições Superiores de Controle (OLACEFS), que promove a padronização de políticas e de planos de ação que permitam a execução transversal de projetos de alto impacto, facilitando o intercâmbio de experiências no relacionamento das ISC com os cidadãos. Os trabalhos desse grupo resultaram na publicação recente do Guia “Incorporação da participação cidadã nas auditorias coordenadas OLACEFS”
Assim como a participação cidadã é essencial para o trabalho das ISC em nível local, a atuação dessas instituições é decisiva para enfrentar os desafios globais que se impõem. Dentre eles, destacam-se as mudanças climáticas, que afetam não só o meio ambiente, como também as economias, a segurança alimentar, a saúde e a estabilidade social em escala global. Esses são desafios que transcendem fronteiras e, portanto, exigem resposta coletiva e coordenada.
Diante dessa situação, o TCU também publicou o "Guia Prático de Auditoria em Transição Energética", destacando a atuação das ISC no apoio às metas climáticas globais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Acordo de Paris, e promovendo uma transição energética sustentável e responsável, por meio de metodologias auditáveis e exemplos de boas práticas.
Neste ano, ocorrerá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), evento de grande importância mundial onde líderes globais se reunirão para discutir e negociar ações voltadas ao combate às mudanças climáticas. A conferência será sediada em Belém, Brasil, de 10 a 21 de outubro, oferecendo oportunidade única para demonstrarmos nosso compromisso em transformar auditorias em ferramentas de impacto que promovam o desenvolvimento sustentável, de modo que nossas instituições não apenas fiscalizem, mas também assegurem que as medidas adotadas sejam eficazes, responsáveis e verdadeiramente transformadoras
Diante desse cenário, é fundamental fortalecer as instituições de controle para garantir independência, transparência e responsabilidade, o que possibilita ampliar o diálogo com parceiros de auditoria, incentivar a participação cidadã e consolidar o papel das instituições superiores de controle como elo entre a sociedade e a boa governança. Esse fortalecimento institucional também requer comprometimento com inovação e excelência, ajustando os processos às demandas atuais.
Com compromisso inabalável e promovendo participação ampla e engajada nas ISC, seguiremos firmes em nossa jornada para nos tornarmos cada vez mais relevantes e eficazes. Juntos, trabalharemos incansavelmente para implementar a boa governança e elevar o bem-estar da sociedade, inspirando mudanças positivas e duradouras.
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