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Em palestra no TCU, João Candido Portinari revisita trajetória e obra do pai

Encontro abordou a trajetória do modernista e o Projeto Portinari, que mantém viva a memória artística e social do pintor

Por Secom

Resumo

Encontro abordou a trajetória do modernista e o Projeto Portinari, que mantém viva a memória artística e social do pintor

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As telas de Candido Portinari não apenas pintaram o Brasil, mas contaram a história do país. No último sábado (9/8), essa narrativa ganhou voz por meio do professor e pesquisador João Candido Portinari, filho único do pintor, que ministrou a palestra “Portinari: arte, memória e cidadania”. A apresentação ocorreu no Instituto Serzedello Corrêa (ISC), a Escola Superior do Tribunal de Contas da União (TCU).  

O encontro revisitou o nascimento do artista em Brodósqui, no interior de São Paulo, e acompanhou sua trajetória marcada pela sensibilidade em retratar tanto as belezas quanto as desigualdades do país. “Foi por jamais esquecer as origens, as dificuldades que viu e viveu, que o trabalho de Portinari se tornou também um grito de compaixão e denúncia em favor dos excluídos. A compaixão e a necessidade de fixar em seus quadros a injustiça não eram apenas um ato político, eram sua própria vida”, observou João Candido. 

Entre memórias pessoais e análises críticas, ficou evidente como o modernista uniu estética, identidade nacional e compromisso social em um legado que continua a inspirar. Por retratar a miséria do povo em seus quadros, o pintor foi perseguido pelo governo. “A política, em Portinari, não nascia da ideologia, mas da empatia. Era sua história de vida. Sua pena pelos que sofrem foi transformada em arte”, lembrou o filho do artista. 

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Preservação da memória 

João Candido também apresentou o Projeto Portinari, criado e dirigido por ele, que reúne, preserva e divulga o acervo completo do pintor, incluindo obras, documentos, cartas e registros audiovisuais. A iniciativa já catalogou milhares de peças no Brasil e no exterior, tornando acessível ao público e aos pesquisadores a dimensão artística e social de Candido Portinari, além de contribuir para preservar a memória e valorizar a cultura brasileira.  

Entre os trabalhos preservados pelo projeto estão os murais Guerra e Paz, instalados na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Encomendadas pelo governo brasileiro como presente à ONU, as obras, com mais de 14 metros de altura, simbolizam os horrores da guerra e o ideal de convivência pacífica entre os povos, tornando-se um marco da arte brasileira no cenário internacional. 

Candido Portinari morreu em 1962, aos 58 anos, vítima de intoxicação causada pelo uso de tintas com alto teor de chumbo. A exposição prolongada ao metal ocorreu, sobretudo, durante a produção dos murais Guerra e Paz, quando o artista ignorou orientações médicas para interromper o trabalho, determinado a concluir aquela que considerava uma de suas obras mais importantes. 

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Todo artista tem de ir aonde o povo está 

Um dos pilares do Projeto Portinari é o programa educativo que leva as criações do modernista a todas as regiões do país, difundindo valores como justiça social, fraternidade, espírito comunitário e defesa da vida. A iniciativa já esteve, por exemplo, no Pantanal, em comunidades periféricas de grandes centros e em penitenciárias, levando a arte a públicos historicamente afastados dos espaços culturais. 

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Em Brasília, cerca de 200 pessoas puderam conhecer mais sobre o artista. Na plateia, o ministro emérito do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto destacou a relevância de associar a obra de Portinari à cidadania, enalteceu o papel de João Candido na preservação da memória do pai e defendeu que o poder público valorize e proteja a cultura e a arte como princípios constitucionais. 

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A professora Flávia Franco e sua filha, Rafaella Costa, estiveram no Instituto Serzedello Corrêa para a palestra. A professora iniciou recentemente a carreira nas artes e faz parte da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV). Flávia se disse surpresa ao conhecer detalhes da vida e da obra do pintor. “Deveria haver mais divulgação do trabalho de Portinari porque vejo que ele é mais conhecido fora do que aqui no nosso país. Os pontos que ele traz em sua obra, mesmo a miséria, servem para refletirmos sobre a realidade”, afirmou.  

Depois da palestra, houve uma apresentação do grupo Choro Livre, um dos mais respeitados conjuntos de música instrumental do Brasil. 

Acessibilidade 

A servidora pública Liliane Vieira Moraes também participou do encontro. Para ela, a apresentação foi fundamental porque resgata a história do Brasil. “Não é só sobre as obras de um pintor, é sobre documentos históricos que o Projeto Portinari precisa manter e trazer ao conhecimento popular, das comunidades, daqueles que foram representados nas obras”, pontuou.  

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Liliane é deficiente visual e defende a inclusão de pessoas com deficiência em todos os espaços. Ela enfatizou a necessidade de recursos que ampliem o acesso desse público à arte e à cultura. “É importante trazer o sentimento de pertencimento da pessoa com deficiência, fazê-la sentir que faz parte do meio, que não está ali somente como ouvinte, mas ativamente no processo”, observou. 

Nesse sentido, nos dias 21 e 22 de agosto, o Centro Cultural TCU (CCTCU) promove visitas mediadas à exposição “Cenas Brasileiras: o modernismo brasileiro em perspectiva” para grupos de pessoas com deficiência visual e auditiva. Serão ofertados recursos como audiodescrição, interação tátil e interpretação em Libras.  

Portinari no CCTCU 

Até o dia 30 de agosto, está em cartaz no CCTCU a exposição “Cenas Brasileiras: o modernismo brasileiro em perspectiva”. A mostra integra a programação em homenagem aos 135 anos do Tribunal e reúne 55 obras de 14 artistas brasileiros e internacionais, incluindo quadros de Candido Portinari. 

Um dos destaques é a instalação Carrossel Raisonné, do Projeto Portinari. Com mais de oito horas de projeção contínua, a peça audiovisual apresenta, em ordem cronológica, toda a produção conhecida do artista. Os direitos da obra foram cedidos ao TCU por João Candido. 

 

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