IA e controle externo: reflexões de Silvio Meira em seminário no TCU
Cientista explora impacto da inteligência artificial no ambiente de controle e propõe revolução na governança pública
Por Secom
A manhã de 22 de outubro foi marcada pela palestra de Silvio Meira, cientista, professor e uma das vozes mais influentes do país sobre inovação e impacto da transformação digital na sociedade e nos negócios. Durante o Seminário Internacional "O Futuro da Auditoria Pública: Dados, Inovação e Cidadania", promovido pelo Tribunal de Contas da União e o Instituto Serzedello Corrêa, em Brasília (DF), ele trouxe ao debate uma visão provocativa sobre o papel da inteligência artificial no ambiente de controle, destacando como a tecnologia pode transformar os processos de governança e fiscalização da Administração Pública.
Meira iniciou sua palestra contextualizando o impacto da IA na sociedade e nos mercados, afirmando que o mundo está diante de mais uma importante revolução. Segundo ele, a IA deixa de ser apenas ferramenta para se tornar uma verdadeira "imersão na inteligência humana", capaz de processar informações de forma mais rápida e eficiente do que humanos. Isso porque ela opera em diferentes níveis de inteligência, desde a descritiva, que analisa o que está acontecendo agora, até a estratégica, que define, executa e adapta estratégias conforme o contexto.
No contexto do controle público, o cientista destacou que a IA pode ser uma aliada poderosa para aumentar a transparência, a eficiência e a agilidade dos processos de auditoria. A explicação é simples: a inteligência artificial permite a análise de grandes volumes de dados em tempo real, auxiliando servidores na identificação de padrões, anomalias e possíveis irregularidades. No entanto, é imprescindível ter governança sobre esses dados.
"Estudos mostram que os negócios que não conseguirem chegar em inteligência prescritiva* até 2030 terão uma dificuldade monumental de subir o resto da ladeira. Mas, para fazer isso, precisamos de dados; e dados não são coisas triviais de se "ter ou não". Todo negócio captura e insere dados de alguma forma. Os dados precisam ser úteis para tomarmos decisões com base na realidade mostrada por eles. E, obviamente, segurança e privacidade é algo que precisamos cumprir por exigência legal. Pouquíssimas organizações têm, verdadeiramente, uma gestão estratégica do ciclo de vida da informação, no e para o negócio, para ser usada com inteligência artificial na tomada de decisão", pontua Meira.
Para o professor, inovação é essencial para que os órgãos de controle acompanhem as mudanças nos mercados e na sociedade. Ainda assim, ele deixou claro que o futuro do controle público passa pela integração da inteligência artificial e adoção de práticas de governança adaptativas. Essas práticas são fundamentais para a construção de um modelo de controle público eficaz, pautado por integridade e transparência. "Precisamos de arquiteturas adaptativas que diminuam o tempo dos ciclos de decisão, com salvaguardas éticas e testes controlados para aprender com os erros e evoluir continuamente", sugeriu.
Durante a palestra, Meira mencionou seu mais recente livro, A Próxima Democracia, escrito em parceria com Rosário Pompéia. A obra apresenta 32 teses para refundar a política no "mundo figital" (integração entre os mundos físico, digital e social, criando uma dimensão onde essas três esferas se entrelaçam e coexistem de forma interdependente). Ele destacou que muitas dessas teses são aplicáveis ao ambiente de controle, especialmente aquelas que tratam de transparência, governança de dados e inovação adaptativa.
Sobre o Seminário Internacional "O Futuro da Auditoria Pública"
Em sua primeira edição, o seminário promoveu exposições teóricas e apresentações práticas sobre quatro temas centrais: Auditoria Pública Centrada no Cidadão; Competências e Habilidades do Auditor do Futuro; Abordagens Inovadoras na Auditoria do Setor Público: Casos e Lições Aprendidas; e Inteligência Artificial e Transformação Digital na Auditoria Pública.
Durante o evento, foram apresentados 73 trabalhos selecionados pela comissão julgadora, sendo 27 em formato de palestras e 46 em pôsteres. As apresentações destacaram soluções e experiências inovadoras de controle, com contribuições de especialistas nacionais e internacionais.
*Nota: Inteligência prescritiva é o nível de inteligência artificial que analisa o que está acontecendo (inteligência descritiva), prevê o que provavelmente acontecerá (inteligência preditiva) e indica o que deve ser feito para alcançar um determinado objetivo ou resolver um problema.
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